Pesquisadoras demonstram viabilidade do turismo de observação de cetáceos no Brasil

No total, 29 áreas de referência do turismo de observação de cetáceos estão distribuídas em 11 estados brasileiros, com 79% dessas áreas inseridas em Unidades de Conservação da Natureza

Publicado em: 09 de fev. de 2022

O turismo de observação de cetáceos trata-se de uma atividade comercial, não letal, para ver, ouvir ou nadar com uma das dezenas de espécies de cetáceos. Essa atividade gera emprego e renda e pode ser uma oportunidade importante para a sensibilização ambiental, mas a ausência de uma gestão eficiente do turismo de observação de cetáceos pode causar impactos negativos sobre estes animais. 

Apesar de haver estudos científicos sobre o tema, ainda há poucos dados disponíveis sobre onde e como o turismo de observação de cetáceos vem sendo conduzido no Brasil. Com foco nesta escassez de dados no Brasil a pesquisadora Rosany Gomes, sob orientação da professora Diana Lunardi do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente, Tecnologia e Sociedade da Ufersa, desenvolveu sua pesquisa de Mestrado visando o turismo de observação de cetáceos no Brasil, a partir de um levantamento de suas áreas de ocorrência, espécies-chave e normas e regulamentos e regulamentos e regulamentos vigentes.

A metodologia utilizada nesta pesquisa inclui uma ampla revisão bibliográfica sobre áreas de ocorrência de cetáceos no Brasil, turismo de observação, instrumentos legais e códigos de conduta para o ordenamento desta atividade. Adicionalmente, foi realizada uma busca por áreas de referência do turismo de observação de cetáceos em homepage de agências e operadoras de turismo. Também foram realizadas expedições à Reserva de Fauna Costeira de Tibau do Sul (REFAUTS), Rio Grande do Norte, área de referência do turismo de observação de botos-cinza, para registro do fluxo das embarcações turísticas, com o intuito descrever, in loco, como essa atividade vem sendo conduzida. 

Na REFAUTS, foi realizado um embarque em lancha turística, na qual registrou-se, por meio da observação não participante, a descrição do passeio para observação de boto-cinza e a conformidade deste passeio com a lei municipal nº 349/2007, que regulamenta o transporte marítimo nesta Reserva. 

Neste estudo, foram apontadas sete espécies de cetáceos chave do turismo de observação: baleia-jubarte, Megaptera novaeangliae, baleia-franca-do-sul, Eubalaena australis, boto-cinza, Sotalia guianensis, golfinho-rotador, Stenella longirostris, boto-da-tainha, Tursiops truncatus, boto-vermelho, Inia geoffrensis, e tucuxi, Sotalia fluviatilis  . No total, 29 áreas de referência do turismo de observação de cetáceos estão distribuídas em 11 estados brasileiros, com 79% dessas áreas inseridas em Unidades de Conservação da Natureza. 

A partir da análise de conformidade do passeio para observação de boto-cinza na REFAUTS com a lei municipal nº 349/2007, foram registradas duas infrações: presença de duas ou mais embarcações simultâneas na zona de uso restrito desta Reserva e motor da embarcação ligado a uma distância inferior a 50 m de botos-cinza. 

Os resultados apresentados neste estudo poderão subsidiar ações de monitoramento e fiscalização do turismo de observação de cetáceos, visando ordenamento desta atividade e a proteção desses animais. Dessa forma, sugere-se que áreas de ocorrência de cetáceos no Brasil, ainda sem proteção legal, são protegidas pelo meio da criação de novas Unidades de Conservação da Natureza. Sugere-se também a promulgação de um instrumento legal de abrangência nacional, que estabeleceu diretrizes de ordenamento do turismo de cetáceos no Brasil, com foco no número máximo e velocidade de barcos, duração e distância da interação entre barcos e cetáceos, licenciamento e capacitação de condutores de embarcações e programa de monitoramento e fiscalização desta atividade.

Fotos de Vitor Lunardi

O Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente, Tecnologia e Sociedade (PPGATS⁠⁠)

O programa de oferta curso de mestrado, tendo conceito 3 junto à CAPES, está inserido na Área de Ciências Ambientais. Foca suas pesquisas em tecnologias alternativas para a aproveitamento e preservação dos recursos naturais do semiárido, bem como no estudo das relações técnico-político-sociais e dos impactos destas na sustentabilidade econômica, social e ambiental da região, permitindo sua contextualização interdisciplinar.

Leia a pesquisa completa em

GOMES, Rosany Rossi Pereira. Turismo de observação de cetáceos no Brasil. 2021. 62 f. Dissertação (Mestrado em Meio Ambiente, Tecnologia e Sociedade), Universidade Federal Rural do Semiárido, Mossoró, 2021. Disponível em http://repositorio.ufersa.edu.br/handle/prefix/6838 Acessado em 02/07/2021.

 

 

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